Papa Leão I

  
  Leão I (em latim: Leo), dito o Grande ou Magno, foi papa entre 29 de setembro de 440 e sua morte em novembro de 461 . Um aristocrata de origem italiana, Leão foi o primeiro a receber o título de "o Grande". Ele é, provavelmente, mais famoso por ter ido ao encontro de Átila, o Huno, em 452 para persuadi-lo a desistir de sua invasão da Itália. Ele é também considerado um Doutor da Igreja, lembrado teologicamente por seu "Tomo de Leão", um documento que foi fundamental durante os debates do Concílio de Calcedônia. Este concílio ecumênico, o quarto, tratou principalmente de questões cristológicas e elucidou a definição considerada ortodoxa de que Cristo é uma união hipostática de duas naturezas - humana e divina - unidas em uma única pessoa, "sem confusão e nem divisão" (diofisismo). A ele se seguiu um grande cisma entre os diofisitas e as igrejas monofisitas e miafisitas .
 
    De acordo com o "Liber Pontificalis", Leão era nativo da Toscana. Em 431, já como diácono, ocupou uma posição suficientemente importante na visão do patriarca Cirilo de Alexandria a ponto deste escrever para ele para pedir a intervenção de Roma nas reivindicações do também patriarca Juvenal de Jerusalém sobre a Palestina romana - a menos que esta carta tenha sido endereçada ao papa Celestino I e não a Leão. Mais ou menos na mesma época, João Cassiano dedicou-lhe um tratado contra Nestório escrito a seu pedido. Mas nada mostra mais a confiança que lhe era dedicada do que ele ter sido escolhido pelo imperador para mediar a disputa entre Aécio e ocônsul Cecina Décio Aginácio Albino, as duas maiores autoridades romanas na Gália.
 
    Neste ínterim, o papa Sisto III morreu (11 de agosto de 440) e Leão foi unanimemente eleito pelo povo para sucedê-lo. Em 29 de setembro, ele iniciou um pontificado que seria marcante para a centralização do governo da Igreja Romana.
 
Decreto de Valentiniano
 
    Leão foi muito importante para a centralização da autoridade espiritual na Igreja e na reafirmação da autoridade papal. O bispo de Roma já era visto na época como o principal patriarca da igreja ocidental, mas muito da autoridade papal estava, na época, delegada aos bispos de cada diocese. Não sem enfrentar séria oposição, Leão conseguiu reafirmar sua autoridade na Gália, por exemplo. Pátroclo de Arles (m. 426) havia recebido do papa Zósimo o reconhecimento como um primaz subordinado sobre toda a Igreja da Gália, um direito que foi fortemente reafirmado por seu sucessor, Hilário de Arles. 
 
    Um apelo de Celidônio de Besançon deu a Leão a oportunidade de reafirmar sua autoridade sobre Hilário, que teimosamente se defendeu em Roma contra a autoridade judicial de Leão. Sentindo que a primazia de sua sé estava ameaçada, Leão apelou aos poderes seculares em busca de ajuda e conseguiu que o imperador Valentiniano III emitisse o famoso decreto de 6 de junho de 445 que reconheceu a primazia do bispo de Roma baseando-se nos méritos de São Pedro, na dignidade da cidade e na legislação do Primeiro Concílio de Niceia. O decreto também serviu de base para a extradição, pelas mãos dos governadores provinciais, de qualquer bispo que se recusasse a atender os chamados de Roma . Depois do decreto, Hilário se submeteu ao papa e, durante o governo de seu sucessor, Ravênio, Leão dividiu a arquidiocese entre Arles e Vienne (450).
 
    Para defender sua posição, além de recorrer a passagens bíblicas, Leão também descreve sua própria relação pessoal com Pedro em termos que derivam do direito romano. Ele se considera ao mesmo tempo um herdeiro (ainda que indigno) e um deputado (vicarius) de Pedro, recebedor de sua autoridade apostólica e, sendo, assim, está obrigado a seguir seu exemplo. Por um lado, Pedro se posta à sua frente como uma obrigação de como Leão deveria exercer seu cargo; por outro, Leão, como o bispo de Roma, representa o apóstolo, cuja autoridade ele detém. Cristo, porém, sempre aparece como fonte de toda autoridade e de toda a graça e Leão responde a ele sobre como exerce seus deveres[4] . Pedro é, portanto, um exemplo para a relação de Leão com Cristo. Assim, o cargo de bispo de Roma, com sua importância universal, estaria enraizado na relação especial entre Cristo e São Pedro, uma relação que, per se, não se pode repetir; portanto, Leão depende da mediação de Pedro, de seu auxílio e exemplo para conseguir realizar adequadamente seu papel e exercer sua autoridade como bispo de Roma, tanto na cidade quanto além dela.
Conflito com Dióscoro de Alexandria.
 
    Em 445, Leão entrou em conflito com Dióscoro de Alexandria, sucessor de São Cirilo como patriarca de Alexandria, insistindo que a prática eclesiástica de sua sé deveria seguir à de Roma argumentando que São Marcos, o discípulo de São Pedro e fundador da Igreja de Alexandria, não poderia ter seguido nenhuma outra tradição que não à do primeiro entre os apóstolos. Esta, é claro, não era a posição dos coptas, que entendiam os antigos patriarcas da Pentarquia como iguais.
 
    Sobre a Itália, numa carta aos bispos da Campânia, Piceno e Túscia (443), exigiu de todos a observância de todos os seus preceitos e de seus predecessores; ele também admoestou bruscamente os bispos da Sicília (447) por terem se desviado dos costumes romanos sobre o batismo, exigindo que eles enviassem delegados a um sínodo em Roma para que aprendessem a forma apropriada.
 
    Sobre a Grécia, em decorrência da antiga divisão entre as porções ocidental e oriental do Império Romano, a Ilíria estava eclesiasticamente sujeita à Roma. O papa Inocêncio I havia estabelecido o arcebispo de Tessalônica como seu vigário para conter a crescente influência do patriarca de Constantinopla na região. Numa carta de ca. 446 a um dos bispos da cidade, Anastácio, Leão admoestou-o pela forma como ele tratou um dos arcebispos sujeitos a ele; depois de dar várias instruções sobre as funções encarregadas a ele e depois de sublinhar que certos poderes estavam reservados para o papa, Leão escreveu: "O cuidado sobre a Igreja Universal deve convergir para o trono único de Pedro e nada, em lugar nenhum, deve se separar de sua cabeça"
No Segundo Concílio de Éfeso, em 449, os representantes de Leão entregaram seu famoso "Tomo" ("carta" em latim), uma afirmação da fé da Igreja romana, endereçado ao arcebispo Flaviano de Constantinopla que repete, de forma muito aderente às teorias de Agostinho, as fórmulas da cristologia ocidental. O concílio não apenas não leu a carta e ignorou os protestos dos legados de Leão, como depôs Flaviano e Eusébio de Dorileia, que apelaram para Roma. Parcialmente por conta disto, este concílio jamais foi reconhecido como ecumênico e terminou depois sendo repudiado no Concílio de Calcedônia.
 
    Depois disso, Leão exigiu do imperador que um concílio ecumênico fosse realizado na Itália e, enquanto isso não acontecia, num sínodo em Roma em outubro do mesmo, repudiou todas as decisões do já infame "Latrocínio de Éfeso". Sem fazer um exame crítico de seus decretos dogmáticos, ele exigiu em suas cartas ao imperador e outras personalidades a deposição de Eutiques, acusando-o de ser maniqueísta e docético.
 
    Com a morte de Teodósio II em 450 e da mudança brusca que se seguiu no cenário político oriental, Anatólio de Constantinopla, o patriarca seguinte, seguiu as recomendações de Leão e seu "Tomo" foi lido e reconhecido em toda parte.
 
    Depois disso, Leão não queria mais realizar um concílio, especialmente por que ele dificilmente se realizaria na Itália. Ao invés disso, ele foi convocado para uma reunião em Niceia, que foi depois mudada para Calcedônia.

Paróquia de Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos

matriz:
Rua Terra Brasileira, nº 35 -Cidade A.E. Carvalho_São Paulo / SP

Comunidade Nossa Senhora Aparecida:
Rua Edmundo de paulo Coelho 429/441_Vila Ramos.

Comunidade São João Batista:
Travessa José de Castro Nunes 28
Secretaria: 2041-7533
apnsrainhadosapostolos@ig.com.br